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Mesmo com estrangeiros, RS ainda sofrerá com a falta de médicos

Apesar da contratação de profissionais do Exterior, nem 12% das vagas abertas nos municípios gaúchos devem ser preenchidas  . 


Mesmo que todos os estrangeiros pré-inscritos no programa Mais Médicos confirmem a sua participação até o final desta segunda-feira, a carência de profissionais nas unidades de saúde do Rio Grande do Sul vai continuar.
Com a adesão prévia de 105 profissionais nascidos ou formados em outros países, que se somam aos 47 brasileiros que já homologaram a sua inscrição, a seleção será encerrada com resultados tímidos: na melhor das hipóteses, apenas 11,4% das 1.323 vagas abertas nos municípios gaúchos serão preenchidas.
O balanço final será anunciado nesta terça-feira pelo Ministério da Saúde, após a consolidação das homologações, mas a tendência é pouco animadora. Na primeira chamada aos brasileiros, o percentual de desistência chegou a 56% no Rio Grande do Sul. Dos 107 profissionais inicialmente cadastrados, apenas 47 homologaram seu registro depois da divulgação da lista de cidades para as quais haviam sido indicados.
Nesta segunda etapa, em que as vagas foram oferecidas a profissionais de fora, o número de inscrições também ficou abaixo do esperado. Dos 105 cadastrados, 21 são estrangeiros formados em instituições brasileiras ou com diploma revalidado, 60 são estrangeiros formados no Exterior e 24 são brasileiros formados fora do país. Juntas, as inscrições contemplam 35 cidades gaúchas, sendo Porto Alegre a que mais atraiu profissionais, com 25 indicações. Após a divulgação da lista de municípios, os profissionais terão até esta segunda-feira para confirmar sua participação.
Governo comemora resultados iniciais e promete novas rodadas de inscrições
Em todo o país, foram 715 profissionais estrangeiros que indicaram municípios para participar do primeiro mês de seleção do Mais Médicos. De 50 países diferentes, esses médicos foram alocados em 268 cidades. Do total, 194 são brasileiros formados fora do país. Como somente 938 profissionais confirmaram inscrição na primeira seleção, o reforço está longe de suprir a demanda, de 15,4 mil vagas no país. Ainda assim, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, enaltece os resultados, salientando que novas rodadas de inscrição serão abertas.
— Em um mês, conseguimos mobilizar um grande número de profissionais, que demonstraram interesse em atuar nas regiões mais carentes. Os moradores dessas regiões serão atendidos por um médico, e sabemos a diferença que faz um profissional perto da população. É apenas o início — afirmou.
Já o presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul, Paulo de Argollo Mendes, vê uma finalidade política na iniciativa.
— Como não conseguiram as inscrições individuais, agora podem fechar o acordo com o governo cubano para trazer uma leva de cubanos. Se fosse sério, o programa não poderia ser feito sem discussão com a sociedade e as entidades médicas — alfinetou.
Reforço de fora
Cidades gaúchas que podem receber médicos estrangeiros ou brasileiros formados no Exterior:
Cidade/Número de profissionais
1 Alecrim 1
2 Alvorada 3
3 Arroio dos Ratos 1
4 Bagé 5
5 Canoas 1
6 Caxias do Sul 2
7 Chuí 2
8 Dom Pedrito 3
9 Doutor Maurício Cardoso 1
10 Eldorado do Sul 1
11 Esteio 1
12 Flores da Cunha 2
13 Herval 1
14 Garibaldi 1
15 Gravataí 1
16 Itaqui 1
17 Jaguarão 2
18 Lajeado do Bugre 1
19 Maquiné 1
20 Monte Belo do Sul 1
21 Novo Hamburgo 2
22 Parobé 1
23 Pelotas 3
24 Porto Alegre 25
25 Quaraí 4
26 Redentora 1
27 Rio Grande 1
28 Santana do Livramento 3
29 Santa Vitória do Palmar 4
30 São José do Norte 1
31 São Borja 4
32 São Marcos 1
33 Torres 2
34 Uruguaiana 16
35 Viamão 5
Total
105 médicos
35 municípios
Quem são eles
Os 105 profissionais inscritos se dividem em três categorias:
— Médicos estrangeiros formados em instituição de Ensino Superior brasileira ou com diploma revalidado no Brasil: 21
— Brasileiros formados em instituições estrangeiras: 24
— Médicos estrangeiros formados em instituições de Ensino Superior estrangeiras: 60
Os estrangeiros no país
— 715 profissionais estrangeiros indicaram municípios para participar do primeiro mês de seleção do Programa Mais Médicos. De 50 países diferentes, esses médicos foram alocados em 268 cidades.
— Os médicos estrangeiros mostraram mais interesse de trabalhar em regiões brasileiras menos necessitadas e deixaram em últimos lugares justamente as áreas mais carentes
— A Região Sul deverá receber o maior número de profissionais estrangeiros, com 204 médicos alocados, seguida da Região Sudeste, com 162. O Nordeste deverá receber 153 médicos do Exterior, o Norte, 137, e o Centro-Oeste, 59.
— Outros 367 brasileiros indicaram novamente as opções de municípios que desejam atuar, em uma segunda oportunidade dada a este grupo com prioridade nas vagas.
Como funciona a seleção
— Os brasileiros tiveram prioridade no preenchimento dos postos apontados.
— As vagas remanescentes foram oferecidas primeiramente aos brasileiros graduados no Exterior e, em seguida, aos estrangeiros.
— Os médicos com diplomas de fora do Brasil vão atuar com autorização profissional provisória, restrita à atenção básica e às regiões onde serão alocados pelo programa.
— Os médicos com diplomas válidos no Brasil que escolheram municípios mas não homologaram sua participação tiveram uma segunda oportunidade. Deste grupo, 367 optaram, novamente, por 192 cidades. O Nordeste foi a região com maior número de brasileiros da segunda chamada, 118, seguido do Sudeste, 99. Em terceiro lugar vem o Norte, com 67 profissionais alocados. Centro-Oeste e Sul contaram com 42 e 41 médicos, respectivamente.
Prazos
— A homologação dos estrangeiros deve ser feita até hoje.
— Amanhã, o Ministério da Saúde divulgará a lista final de participantes do primeiro mês de seleção do Mais Médicos.
— A próxima rodada de inscrições começa no dia 15 de agosto.
— Os profissionais selecionados pelo Mais Médicos começam a trabalhar no início de setembro.
— Os médicos estrangeiros que homologarem sua participação no programa, a partir de 13 de agosto, poderão se encaminhar às embaixadas para pedir emissão do visto.
O programa
— Lançado pela presidente Dilma Rousseff em 8 de julho, o Mais Médicos faz parte de um amplo pacto de melhoria do atendimento aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS)
— Os médicos cadastrados receberão bolsa federal de R$ 10 mil, paga pelo Ministério da Saúde, mais ajuda de custo, e farão especialização em Atenção Básica durante os três anos do programa.
Preparação dos estrangeiros
— Em setembro, após chegada no Brasil, os profissionais estrangeiros devem iniciar o primeiro módulo da especialização em Atenção Básica em instituições de ensino do Brasil.
— Serão três semanas de aulas, em que passarão por avaliação e curso sobre a rede pública de saúde e língua portuguesa. Em caso de reprovação, o médico será imediatamente desligado do programa.
— Todos os profissionais do Mais Médicos serão avaliados e supervisionados por instituições de ensino do país, que aderiram à iniciativa.
Números das etapas anteriores
No país
— O número de vagas preenchidas, até o momento, equivale a 6% da demanda dos municípios, que apontaram a necessidade de 15.460 médicos para completar seus quadros na atenção básica do Sistema Único de Saúde (SUS).
— Apenas 11,4% dos 3.511 municípios que aderiram à iniciativa vão receber profissionais nesta etapa.
No RS
— Médicos brasileiros inscritos para a primeira fase: 107
— Inscrições confirmadas: 47
— Índice de desistência: 56%
— Dos 346 municípios gaúchos que se inscreveram no programa, 22 já receberam a confirmação de que receberão profissionais.

Fonte:  Zero Hora
Postado por Levi de Oliveira
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